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5o episódio | bit a bit: cripto em pequenas doses

Não foi da noite pro dia que o Bitcoin virou manchete na Bloomberg. Foram mais de 15 anos de altos e baixos, fóruns, promessas e polêmicas — até chegar ao status de ETF (Exchange-Traded Fund) aprovado. Nesse episódio, vamos te mostrar os momentos que realmente viraram a chave do BTC.

2008: O início de tudo. A bolha imobiliária nos Estados Unidos havia estourado. Bancos que pareciam sólidos desmoronaram. A icônica Lehman Brothers declarou falência. Milhões de pessoas perderam suas casas, empregos e economias. Governos intervieram com trilhões de dólares pra salvar instituições “grandes demais para quebrar”, enquanto a confiança nas engrenagens do sistema econômico global despencava.

Foi nesse cenário caótico — de desconfiança nos bancos, no mercado e nas autoridades — que surgiu uma ideia disruptiva. Um nome até hoje envolto em mistério, Satoshi Nakamoto, publicou um whitepaper de nove páginas propondo algo inédito: um sistema de dinheiro digital descentralizado.

Na época, poucos entenderam o potencial daquela proposta. Mas hoje é fácil perceber que a crise de 2008 não só abalou o sistema financeiro — como também preparou o terreno pra que novas ideias, como o Bitcoin, ganhassem força.

2009: A primeira transação. O chamado “Bloco Gênesis” — o primeiro bloco da rede Bitcoin — foi minerado, em 3 de janeiro de 2009.

  • Em outra palavras: O Bloco Gênesis é o bloco inaugural de uma blockchain, funcionando como a base pra todos os blocos que vêm depois. No caso do Bitcoin, ele foi minerado por Satoshi Nakamoto. Esse bloco é especial porque não faz referência a nenhum bloco anterior — afinal, não existia nenhum antes dele.

Pouco tempo depois, aconteceu a primeira transação de Bitcoin entre duas pessoas. Satoshi Nakamoto enviou 10 BTC pra Hal Finney, um dos primeiros a acreditar na proposta.

Finney era programador, criador de softwares de segurança e um verdadeiro entusiasta das ideias cypherpunk — ou seja, defensor do uso da criptografia como ferramenta de liberdade individual.

Esse primeiro envio não teve valor comercial, nem gerou manchete. Mas, em retrospectiva, marcou o início de uma nova era. Dois desconhecidos (ao menos para o mundo) trocando valor digital de forma direta, segura, e sem banco no meio.

2010: Bitcoin compra pizza. No dia 22 de maio de 2010, uma data curiosa entrou para a história como o Bitcoin Pizza Day. Foi quando um programador na Flórida, Laszlo Hanyecz, pagou 10 mil Bitcoins por duas pizzas — o equivalente a US$ 41 na época.

  • Pode parecer pouco, mas hoje esses mesmos 10 mil BTC valeriam aproximadamente US$ 1 bilhão, considerando a cotação atual que gira entre US$ 96.000 e US$ 106.000 por unidade.

Sim, alguém topou a troca — e a transação aconteceu. Laszlo recebeu suas pizzas e, sem saber, protagonizou a primeira compra registrada com Bitcoin no mundo real. Uma mordida na história das criptomoedas.

2011: Bitcoin valendo US$ 1. Em fevereiro, o Bitcoin alcançou US$ 1 pela primeira vez. Poucos meses depois, já estava batendo US$ 10 — e chegou a US$ 30, na antiga corretora Mt. Gox. Foi uma valorização de 100x em relação ao início do ano, quando o preço rondava os US$ 0,30. A moeda começava a sair dos fóruns e ganhar os olhos do mundo.

2013 a 2017 – Da desconfiança à euforia

Durante esse período, o Bitcoin enfrentou muitos altos e baixos, com uma série de eventos que tornaram sua trajetória ainda mais imprevisível. A volatilidade do preço do Bitcoin, frequentemente associada à falta de regulamentação, causou tanto desconfiança quanto euforia no mercado.

💸 2013 - A volatilidade começou a atrair atenção: O preço do Bitcoin teve um aumento significativo, passando de US$ 13 para mais de US$ 266 em um curto período, antes de cair drasticamente. O ano foi marcado por grandes flutuações e também pela primeira grande tentativa de regulamentação.

💼 2015 - O aumento do interesse institucional: O Bitcoin começou a atrair o interesse de investidores mais sérios. Isso foi impulsionado pela introdução de novas regulamentações nos EUA e pela crescente aceitação da criptomoeda por empresas como Overstock e Newegg. O Bitcoin também passou a ser tratado com mais seriedade por algumas autoridades financeiras, e a ideia de que as criptomoedas poderiam ter um futuro começou a se consolidar.

🪨 2016 - A descentralização e o fortalecimento da rede: A rede Bitcoin passou a demonstrar mais resiliência e robustez, com mais mineradores adotando a tecnologia. Foi também quando os primeiros "Hard Forks" aconteceram, como o nascimento do Bitcoin Cash, gerando uma maior discussão sobre a escalabilidade do Bitcoin e suas limitações.

Na tecnologia blockchain, um hard fork é uma atualização drástica nas regras que regem a rede. Em outras palavras, é como se a blockchain seguisse dois caminhos diferentes a partir de um mesmo ponto — criando duas versões separadas da moeda digital. Após essa divisão, blocos e transações que eram válidos antes podem passar a ser rejeitados (e vice-versa). Por isso, todos os participantes da rede precisam atualizar seus sistemas para a nova versão, caso queiram continuar operando na mesma linha da blockchain original.

Durante esse período, o valor do Bitcoin foi subindo lentamente, e sua imagem passou de algo especulativo para uma reserva de valor.

🎯 2017 - O pico histórico de US$ 19 mil: O ano em que o Bitcoin alcançou a maior valorização até então, ultrapassando os US$ 19 mil pela primeira vez. Esse aumento explosivo no preço foi acompanhado por uma crescente cobertura midiática e uma corrida de investidores em busca de lucros rápidos. A palavra "cripto" já estava sendo discutida nos círculos financeiros tradicionais, e as "ICO" (Initial Coin Offerings) começaram a explodir. No entanto, esse período também gerou incerteza e críticas quanto à bolha especulativa que o Bitcoin poderia representar.

2021: Cripto vai pro mainstream. Foi um ano marcante pro Bitcoin e as criptomoedas em geral, com a moeda digital conquistando seu espaço definitivo no mainstream financeiro. A crescente adoção por empresas, governos e investidores institucionais foi um sinal claro de que o mercado cripto havia amadurecido e estava se tornando parte integrante do sistema financeiro tradicional. O ano foi marcado por uma série de eventos que consolidaram o Bitcoin como um "player" sério e respeitado.

  • El Salvador adota o Bitcoin como moeda legal
    Em junho de 2021, El Salvador fez história ao se tornar o primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda oficial. O presidente Nayib Bukele anunciou que a nação aceitaria a criptomoeda como forma de pagamento em todos os setores da economia, o que foi um passo ousado e simbólico para legitimar a moeda digital em nível governamental.

  • Grandes empresas começam a aceitar ou investir em Bitcoin
    Empresas de renome mundial passaram a demonstrar uma crescente aceitação do Bitcoin como uma reserva de valor e meio de pagamento. Em fevereiro de 2021, a Tesla, de Elon Musk, anunciou que havia comprado US$ 1,5 bilhão em Bitcoin e que começaria a aceitar a criptomoeda como pagamento por seus carros. Isso provocou uma onda de entusiasmo no mercado, com outras empresas começando a investir ou aceitar criptomoedas, como a Square e a MicroStrategy. Além disso, o PayPal anunciou que permitiria pagamentos com Bitcoin, Ethereum, Litecoin e Bitcoin Cash, tornando o acesso às criptomoedas mais fácil para milhões de consumidores ao redor do mundo.

  • Bitcoin atinge seu recorde histórico de preço (até então)
    O valor do Bitcoin atingiu novos patamares em 2021, quebrando seu recorde histórico de preço. Em novembro de 2021, a criptomoeda ultrapassou a marca de US$ 68.000, impulsionada pelo crescente otimismo do mercado e pela entrada de investidores institucionais, como fundos de hedge e empresas de gestão de ativos. A ascensão do Bitcoin no preço também foi alimentada pela adoção crescente de ETFs de Bitcoin, como o ProShares Bitcoin Strategy ETF, lançado em outubro de 2021, permitindo que investidores tradicionais entrassem no mercado com mais facilidade e segurança.

2024: ETF aprovado. O ano de 2024 marcou um ponto de virada crucial pro Bitcoin e o ecossistema de criptomoedas como um todo, com a aprovação do primeiro ETF de Bitcoin à vista pela Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos.

Tá, mas o que é um ETF de Bitcoin à vista?

Um ETF (Exchange-Traded Fund) é um fundo de investimento negociado na bolsa de valores que visa refletir o desempenho de um ativo ou índice, sem a necessidade de os investidores possuírem o ativo diretamente.

No caso do ETF de Bitcoin à vista, o fundo detém a própria criptomoeda, o que significa que os investidores podem obter exposição ao Bitcoin sem precisar comprá-lo, armazená-lo ou gerenciá-lo por conta própria, bastando apenas comprar uma quota do fundo (no caso, do ETF).

Isso torna o processo muito mais simples e acessível pra investidores tradicionais, que estão acostumados com esta forma de investimento, como fundos de pensão, family offices, hedge funds e até indivíduos que buscam um meio mais regulado e seguro pra investir.

A aprovação do ETF de Bitcoin pela SEC foi um evento bastante aguardado no setor financeiro e cripto. Durante anos, a SEC relutou em aprovar um ETF de Bitcoin, citando preocupações sobre manipulação de mercado, volatilidade e falta de regulamentação.

  • A decisão de 2024 foi um reflexo da evolução do mercado cripto e de sua crescente infraestrutura regulatória, que agora oferece maior proteção para os investidores.

A medida não só facilita o acesso de investidores tradicionais ao Bitcoin, como também oferece uma nova maneira de inserir o ativo nas carteiras de investimento — já que permite comprar ações de um ETF negociado em bolsas de valores, como o NYSE ou NASDAQ, como qualquer outro ativo financeiro tradicional.

Em cada fase dessa trajetória, a maneira como a mídia abordou o Bitcoin teve um papel essencial em moldar a percepção pública e atrair novos investidores.

Ela não foi apenas um reflexo do mercado, mas também uma força que o moldou, influenciando a forma como investidores e o público geral viam a criptomoeda.

O que era visto por alguns como uma tecnologia marginal se transformou em um pilar financeiro, e o olhar crítico da mídia, aliado ao poder de novos players do mercado, foi essencial pra esse processo de aceitação e valorização.

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Esse foi o episódio 5/6. No próximo, vamos explorar as principais tendências que estão moldando o futuro do Bitcoin. Do avanço dos ETFs e da institucionalização do ativo à sua consolidação como reserva de valor. Uma nova fase se desenha, com maior uso prático e também novos dilemas.

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