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🪙 um passaporte pra fora do sistema
3o episódio | bit a bit: cripto em pequenas doses

Antes de irmos pro episódio de hoje, aqui um rápido recap:
🍕 No primeiro episódio, falamos sobre o Bitcoin Pizza Day — a primeira compra com BTC no mundo real.
👤 No segundo episódio, falamos sobre quem é (ou quem são) Satoshi Nakamoto — o pseudônimo usado por quem criou o Bitcoin.

Em 31 de outubro de 2008, Satoshi Nakamoto publicou o whitepaper do Bitcoin, intitulado "Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System". Esse documento de nove páginas propunha um sistema de pagamentos eletrônicos descentralizado, permitindo transações diretas entre partes sem a necessidade de intermediários financeiros.
A motivação por trás dessa proposta estava enraizada na crise financeira de 2008, marcada por falências bancárias e resgates governamentais.
O primeiro bloco do Bitcoin, conhecido como Genesis Block, contém a mensagem: "The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks", uma referência direta à manchete do jornal britânico The Times daquele dia, destacando a iminência de um segundo resgate aos bancos pelo governo.

via Reddit
Esse foi o ponto de partida do Bitcoin, uma resposta à falência das instituições financeiras e uma proposta para criar um sistema financeiro mais transparente e resistente a crises.
O Bitcoin foi concebido como uma alternativa ao modelo financeiro tradicional, mas, ao longo dos anos, sua utilidade se expandiu para algo ainda mais profundo: a possibilidade de todos terem acesso ao dinheiro, bem como ser dono dele, sem interferência de terceiros.

À medida que o Bitcoin se firmava como uma resistência financeira, surgiram casos reais de pessoas e países que, literalmente, o usaram como uma alternativa em momentos de crise.
Esses exemplos não só validam o conceito, mas demonstram como essa criptomoeda é muito mais do que um ativo.
🇸🇻 El Salvador: Bitcoin como Moeda Oficial
Em 2021, El Salvador se tornou o primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda de curso legal, ao lado do dólar americano.
A medida visava ampliar a inclusão financeira num país onde cerca de 70% da população não tinha acesso a serviços bancários.
Além disso, a remessa de dinheiro do exterior, que representa mais de 20% do PIB, pôde ser feita com menos taxas usando cripto.
O governo lançou o app Chivo, que permite transações em BTC, e até distribuiu um valor inicial em Bitcoin para incentivar o uso.
Apesar de críticas e desafios na implementação, o movimento colocou o país no centro do debate sobre o futuro das finanças digitais.
🇻🇪 Venezuela: Superando a Hiperinflação
A economia da Venezuela foi devastada pela hiperinflação, que atingiu 10.000.000% em 2019, tornando o bolívar virtualmente sem valor.
Nesse contexto, as criptomoedas, como o Bitcoin e as stablecoins como o USDT, surgiram como opções para preservar o poder de compra e realizar transações.
O uso de criptos teve um crescimento significativo, com o mercado local de criptomoedas aumentando 110% no segundo trimestre de 2024, movimentando aproximadamente US$ 20 bilhões.
🇺🇦 Ucrânia e 🇷🇺 Rússia: A Solidariedade em Tempos de Conflito
Durante a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, o Bitcoin tornou-se uma ferramenta crucial para o envio e recebimento de doações, permitindo que o apoio internacional chegasse diretamente àqueles em necessidade, sem depender de intermediários financeiros.
🇦🇫 Afeganistão: Garantindo a Autonomia Financeira das Mulheres
Após o retorno do Talibã ao poder em 2021, mulheres no Afeganistão foram severamente restringidas em seu acesso a serviços bancários.
Para contornar essa situação, organizações de apoio começaram a enviar recursos em criptomoedas para mulheres afegãs, oferecendo uma forma de sustento e liberdade financeira mesmo diante da repressão imposta pelo regime.

O Bitcoin vai além de uma simples moeda digital — ele representa um movimento cultural e filosófico. No centro dessa revolução está a valorização da descentralização, que desafia o controle centralizado dos bancos e governos, e a transparência, que garante que todos possam verificar por si mesmos as transações realizadas.
O lema Don’t trust, verify é mais do que um conselho; é uma filosofia que recusa a confiança cega e prioriza a independência e a autodeterminação.
Essa mentalidade permeia vários aspectos culturais do mundo cripto. Por exemplo, a criação de NFTs com imagens de Satoshi Nakamoto, o misterioso criador do Bitcoin, não é apenas uma homenagem, mas uma forma de simbolizar a ideologia do anonimato e da descentralização.
Além disso, o merchandising e a arte digital com temas de protesto e liberdade continuam crescendo, com representações que desafiam normas e celebram a autonomia.
Ainda, o Bitcoin tem sido adotado por movimentos de hacktivismo que utilizam a criptomoeda como uma ferramenta para resistir à censura e ao controle excessivo, demonstrando como o Bitcoin está ligado a lutas por liberdade em um sentido mais amplo.

Em um mundo onde as tecnologias digitais moldam as interações cotidianas, ter controle sobre os próprios recursos financeiros não é apenas uma vantagem, mas um direito essencial.
Ainda assim, segundo dados do The Global Findex Database 2021, 1,4 bilhão de adultos permaneciam desbancarizados em todo o mundo, especialmente em regiões em desenvolvimento.
Por exemplo, na África Subsaariana, há dados que apontam que a população sem acesso a sistemas bancários exceda 350 milhões.
É nesse cenário que as criptomoedas têm um enorme impacto positivo. Com natureza descentralizada, elas oferecem uma alternativa concreta para quem precisa guardar, transferir ou receber valores — sem depender de uma estrutura bancária. Basta um celular com internet e uma carteira digital para começar.
E é para todo mundo. Diferentemente do sistema tradicional, o mercado de criptomoedas funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana — sem feriados, sem burocracia e sem exigência de renda mínima.
Isso significa também que não precisa de muito para começar. Dá para comprar frações minúsculas de Bitcoin ou outras moedas digitais a partir de poucos reais.
É esse acesso democrático que torna as criptomoedas tão interessantes: ele devolve às pessoas comuns o controle sobre o próprio dinheiro, sem exigir grandes investimentos, status ou conexões bancárias.

Com o avanço do mercado cripto, cresce também a busca por regras mais claras e estruturas que tornem o ambiente mais seguro para quem investe.
O objetivo é garantir mais transparência, evitar fraudes e dar mais confiança para quem está entrando nesse universo.
A boa notícia é que, ao contrário do que se pensava no início, a maioria dos países não está tentando “acabar” com as criptomoedas. Pelo contrário: o movimento tem sido de entender e integrar.
Nos Estados Unidos, a regulação ainda é descentralizada. Órgãos como a SEC e a CFTC disputam a supervisão do setor. Alguns estados, como Nova York, têm regras mais rígidas (ex: o BitLicense), mas ainda não há uma lei federal específica. | ![]() |
![]() | O Japão foi um dos primeiros países a criar regras específicas para o mercado cripto. Desde 2017, exige que corretoras sejam registradas e sigam normas rígidas de compliance e segurança. O país também reconhece o Bitcoin como meio de pagamento legal e exige a separação entre os fundos dos clientes e os das empresas. |
Em 2023 a União Europeia | ![]() |
![]() | O Reino Unido tem adotado uma postura mais cautelosa. Em 2023, aprovou uma lei que reconhece os criptoativos como instrumentos financeiros, o que abriu caminho para uma regulação mais ampla. O foco está em garantir estabilidade financeira e proteger consumidores, sem sufocar a inovação. |
No geral, o que se vê é um movimento global por mais clareza e responsabilidade — o que, para quem investe ou quer investir, é positivo. Afinal, regras bem definidas ajudam a tornar o ambiente mais seguro, confiável e acessível para todo mundo.

Em 2022, foi sancionado o Marco Legal das Criptomoedas. A lei define quem são os prestadores de serviços de ativos virtuais e estabelece diretrizes para coibir crimes como lavagem de dinheiro. A regulação tá em fase de implementação, e a expectativa é de que comece a entrar em vigor de forma mais estruturada até o fim de 2025. | ![]() |
Por aqui, o Bitcoin também tem ganhado força não apenas como uma alternativa de investimento, mas como uma ferramenta para inclusão financeira. No ano passado, foi estimado que o número de brasileiros com contas em criptomoedas ultrapassou os 20 milhões, o que pode ser visto como um reflexo da adoção do Bitcoin como uma resposta à inflação e às taxas elevadas de juros.
Além disso, é provável que tenhamos um real digital para chamar de nosso: Drex, em desenvolvimento pelo Banco Central.
Diferentemente do Bitcoin, ele vai ser centralizado e emitido pelo próprio governo, mas o que os dois têm em comum é a tecnologia de base — blockchain — que garante transações mais ágeis, seguras e transparentes.

🔍 Enquete: Pra você, o que é mais importante quando se fala em liberdade financeira? |
Esse foi o episódio 3/6. No próximo, vamos expandir nossa visão além do Bitcoin. Vamos explorar como a evolução da blockchain e as novas tecnologias estão criando um ecossistema de possibilidades, desde finanças descentralizadas (DeFi) até novas formas de arte e comunidades autônomas.
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