đŸ«’ Moda & Sociedade

Newsletter Series | T 01 | EP 05

No quinto episĂłdio da sĂ©rie 'Moda & Sociedade', vamos explorar como as microtrends, alimentadas pelas redes sociais, aceleraram o consumo e o descarte. Em questĂŁo de dias, tendĂȘncias surgem, viralizam e desaparecem, incentivando um ciclo insustentĂĄvel que atĂ© dificulta a criação de um estilo prĂłprio.

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Com o boom das redes sociais — especialmente o TikTok, em 2020 — a moda vem se adaptando a informaçÔes rĂĄpidas e disseminadas de forma imediata. O que antes demorava meses para sair da passarela e chegar Ă s lojas, hoje leva semanas para surgir, virar tendĂȘncia e logo desaparecer.

Com algoritmos personalizados, as redes sociais oferecem conteĂșdos sob medida, refletindo o perfil e os interesses de cada usuĂĄrio. No passado, as referĂȘncias de moda eram mainstream e universais
 Quase todos se inspiravam em Ă­cones de Hollywood ou nas estrelas do pop — como falamos no episĂłdio anterior.

Hoje, a variedade de estilos e influĂȘncias permite que vocĂȘ pertença a um grupo especĂ­fico, moldado pelo seu algoritmo. NĂŁo Ă© mais “your vibe makes your tribe”, mas sim “your algorithm makes your tribe”.

Assim as microtrends se tornaram o novo ritmo da moda, com foco na prĂłxima peça viral ou na estampa que dominarĂĄ os vĂ­deos da semana. Em questĂŁo de dias, as redes nĂŁo apenas sugerem o que comprar, mas tambĂ©m moldam seu gosto, muitas vezes convencendo vocĂȘ a adotar um estilo que, no fundo, talvez nem goste.

Influenciadores de todos os nichos alimentam esse ciclo diårio, enquanto antigamente as inspiraçÔes vinham de poucos e icÎnicos artistas.

💭 A pergunta que fica no ar Ă©: com essa avalanche de referĂȘncias e tendĂȘncias passageiras, serĂĄ que Ă© mais fĂĄcil ou mais difĂ­cil desenvolver um estilo prĂłprio?

No passado, com opçÔes limitadas, as tendĂȘncias eram praticamente inescapĂĄveis e perduravam por anos, definindo estilos especĂ­ficos para cada dĂ©cada. Hoje, temos uma abundĂąncia de escolhas — mas com isso surge tambĂ©m uma saturação de informaçÔes.

  • Somos constantemente bombardeados com novas modas, que incentivam um consumismo rĂĄpido e momentĂąneo. As peças compradas por influĂȘncia de uma trend tendem a ser usadas poucas vezes, atĂ© que a prĂłxima onda viral chegue.

Embora o acesso a mais referĂȘncias facilite a identificação com certos estilos, seguir cada tendĂȘncia que aparece torna quase impossĂ­vel manter uma identidade genuĂ­na. AlĂ©m disso, o consumismo acelerado impulsionado por essas microtrends Ă© insustentĂĄvel.

Fonte: UNEP - UN Environment Programme

O ciclo rápido de produção e descarte de roupas baratas e que estão “em alta“ leva a um aumento do desperdício, pois as pessoas compram mais e descartam os itens mais rapidamente.

Estima-se que, nas Ășltimas duas dĂ©cadas, o consumo de roupas aumentou 60%, enquanto o tempo que as pessoas mantĂȘm essas peças diminuiu, muitas vezes usando-as apenas algumas vezes antes de descartĂĄ-las.

O desejo de pertencimento impulsiona essa dinĂąmica da moda nas redes sociais. A busca por aceitação leva muitos a seguirem o prĂłximo viral — aquele vĂ­deo que traz uma nova peça ou estĂ©tica que “todo mundo” estĂĄ usando e que vocĂȘ tambĂ©m sente a necessidade de adotar para se sentir parte do grupo.

Em contrapartida, o mercado de moda second hand tem se mostrado uma alternativa crescente para combater o desperdĂ­cio e atender ao desejo por consumo consciente.

A estimativa divulgada em um relatório da ThredUp (plataforma de consignação online) é de que o mercado global de produtos de segunda mão alcance um valor de 350 bilhÔes de dólares até 2028.

Fonte: ThredUp Resale Report2024

  • Pra quem ainda nĂŁo Ă© adepto a esse mercado e tĂĄ procurando indicaçÔes de sites pra fazer bons achados, nessa matĂ©ria aqui tem vĂĄrios bacanas.

E, pra finalizar, fica o questionamento: vocĂȘ acha que ter mais opçÔes Ă© realmente melhor? Ou estamos apenas transformando a moda em um ciclo incessante de tendĂȘncias que, no fundo, nĂŁo expressam nada alĂ©m de um consumismo desenfreado?

Se vocĂȘ curtiu e ficou intrigado(a) com esse assunto e quer continuar lendo & ouvindo sobre, aqui vĂŁo alguns artigos e podcasts:

A moda, em sua essĂȘncia, Ă© uma forma de expressĂŁo e criatividade; um meio de comunicar quem somos. PorĂ©m, ao deixar que as redes sociais e os influenciadores ditem o que vestir, transformamos a moda em algo superficial, onde roupas se tornam apenas “ferramentas” para pertencer a um grupo ou estĂ©tica do momento.

TAKEAWAYS DESSE EPISÓDIO:

🧠 O que aprendi hoje? Com as redes sociais, parece que a vida ficou mais rĂĄpida. Na moda, as microtrends criam um ciclo rĂĄpido e incessante de tendĂȘncias que incentivam o consumo e descarte rĂĄpidos. Por mais que ofereçam diversidade de estilos e permitam experimentação, elas expressam a dificuldade de uma geração em perseverar.

â˜đŸ» O que fazer com isso? Antes de aderir uma nova tendĂȘncia, pense um pouco mais... Faz sentido com o seu estilo? VocĂȘ passa a expressĂŁo que deseja com o que estĂĄ usando? Com tudo fugaz, definir o seu estilo pode ser uma boa opção para evitar idas e voltas no guarda-roupa.

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EPISÓDIO 5 DE 6

🍿 No prĂłximo e ÚLTIMO episĂłdio: Vamos falar sobre autoconhecimento na moda e ensinar a comunicar sua identidade de forma autĂȘntica.

Essa é uma série produzida pelo grupo waffle, empresa líder no setor de mídias digitais na América Latina, em parceria com a The Setters, uma das påginas de moda mais inovadoras do país. Para ver outros produtos do grupo, clique aqui.