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QUOTE DO DIA
ā€œA essĆŖncia da gestĆ£o de investimentos Ć© a gestĆ£o de riscos, nĆ£o a gestĆ£o de retornos.ā€œ
— Benjamin Graham
BIG STORY

Carta aberta ao CFO de 2026

(Imagem: Kwacz Solutions)

Ao longo dos últimos episódios, falamos sobre margem, caixa, eficiência, indicadores menos óbvios, inteligência artificial, nuvem e pessoas. Cada tema foi uma peça, mas, hoje, no último capítulo, a pergunta vira outra:

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Quem Ć© o executivo que amarra todas essas pontas dentro da empresa?

Durante anos, o financeiro foi visto como ā€œguardiĆ£o do orƧamentoā€: fecha mĆŖs, controla custo, conversa com auditor e segue o jogo. Mas o mapa mudou.

O relatório Finance Trends 2026, da Deloitte, mostra que os CFOs estão assumindo um papel muito mais amplo:

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Eles ajudam a navegar novos mercados, guiam decisões de M&A, lideram transformação digital e montam equipes variadas, incluindo múltiplas pessoas de dados e tecnologia.

A pesquisa ouviu 1.326 líderes financeiros em 23 países, todos de empresas com faturamento acima de US$ 1 bilhão.

O resultado Ʃ claro: o financeiro deixou de ser bastidor e virou cockpit da estratƩgia.

Mais da metade desses lĆ­deres (57%) jĆ” se coloca entre os principais responsĆ”veis por desenhar a estratĆ©gia da organização — e quem puxa essa fila tende a acumular cerca de 20% mais responsabilidades do que os pares ā€œapoiadoresā€.

(Imagem: Deloitte)

Ou seja: quem senta na cadeira de CFO hoje nĆ£o estĆ” ganhando só mais pressĆ£o. EstĆ” ganhando mais poder — e nĆ£o poderĆ­amos deixar de elencar alguns dos pontos principais para vocĆŖ levar para 2026.

1. Seu mundo entrou em modo ā€œtudo ao mesmo tempo, agoraā€ ā±ļø

Quando esses líderes financeiros listam seus maiores desafios, não existe uma prioridade isolada.

Na mesma prateleira aparecem: incerteza econƓmica, complexidade tributƔria, tensƵes geopolƭticas e rupturas de cadeia de suprimentos.

A Deloitte descreve o cenĆ”rio como um ā€œtudo, em todos os lugares, ao mesmo tempoā€ dentro das finanƧas.

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Planejamento para desafios externos, adoção de novas tecnologias e proteção de recursos por meio de redução de custos aparecem praticamente empatados entre as prioridades dos CFOs.

E como navegar isso sem enlouquecer?

  • Planejamento de cenĆ”rios em alta frequĆŖncia: 30% querem reforƧar capacidades avanƧadas — saindo do modelo ā€œuma vez por anoā€ para algo contĆ­nuo.

  • GovernanƧa mais Ć”gil: 28% planejam modelos mais leves, que permitam decidir rĆ”pido sem perder controle.

  • AI como apoio Ć  decisĆ£o, nĆ£o só automação: 25% querem usar insights de inteligĆŖncia artificial para decisƵes em ambientes incertos.

Exemplos jƔ apareceram. No caso do Walmart, a gigante varejista saiu de cenƔrios mensais para anƔlises quase diƔrias ao usar AI para conectar preƧo, estoque, comportamento de clientes e movimentos de concorrentes.

A Embraer, por outro lado, criou centros de excelĆŖncia para espalhar automação inteligente sem duplicar TI — reduzindo gastos e aumentando velocidade.

No fundo, Ʃ uma mudanƧa de mentalidade: cenƔrio deixa de ser Power Point de planejamento e vira produto recorrente da Ɣrea financeira.

2. Agora, o trabalho mudou de ā€œfechar balanƧoā€ para ā€œdesenhar futuroā€ 🧠

A descrição de vaga de CFO mudou: são 20% mais competências em cinco anos, com ênfase em risco, tecnologia e visão de negócios. Entre os CFOs que realmente influenciam estratégia, hÔ padrões:

  • Cloud como infraestrutura da eficiĆŖncia: quase metade (48%) estĆ” implementando soluƧƵes em nuvem para otimizar custos (contra 33% dos que tĆŖm papel mais restrito a ā€œapoioā€).

  • AI integrada ao dia a dia, nĆ£o só em piloto: 43% usam inteligĆŖncia artificial para fechar lacunas de produtividade e enxergam retorno claro desses investimentos.

(Imagem: Deloitte)

A frase da CFO da Hewlett Packard Enterprise resume a virada. Segundo ela, o objetivo Ć© ā€œreimaginar o papel das finanƧas, saindo da gestĆ£o tradicional para uma lideranƧa proativa, viabilizada pela transformação digitalā€.

Em 2026, o CFO Ć© menos ā€œdono do DREā€ e mais Head de Futuro: traduz dados em direção, nĆ£o só em relatório.

3. Custo virou disciplina contĆ­nua — e altamente tĆ©cnica

Quando o CFO realmente assume a bandeira da gestão de custos, os resultados mudam.

Pouco mais de um terƧo dos respondentes (36%) diz ser o principal responsĆ”vel por custos e despesas — e esse grupo tem maiores chances de atingir ou superar metas de redução de custos do que aqueles que ā€œsó apoiamā€. Como?

  • Nuvem como principal alavanca de custo: 51% usam cloud para otimizar despesas (contra 36% dos que ā€œsó apoiamā€). A nuvem vira flexibilidade financeira: escala quando precisa e reduz quando nĆ£o precisa — sem CAPEX gigante.

  • FinOps e equipes dedicados de despesas: vĆ”rias empresas criam times de FinOps (misto de finanƧas + DevOps) para olhar gasto em nuvem e eficiĆŖncia digital com lupa, enquanto 45% dos lĆ­deres que cuidam de custos contam com equipes dedicadas de gestĆ£o de despesas, nĆ£o ā€œprojetos pontuaisā€.

  • MĆ©tricas novas, focadas em produtividade: a ABB, por exemplo, criou a ā€œprodutividade do lucro bruto por pessoaā€, que virou ferramenta central para direcionar qualidade de receita e lucratividade em toda a rede.

Custo deixa de ser um ā€œcorte emergencialā€. Vira cultura.

4. AI vocĆŖ jĆ” testou… mas poucos capturam valor de verdade šŸ¤–

A fotografia da inteligĆŖncia artificial nas finanƧas Ć© curiosa: 63% jĆ” implementaram e usam ativamente soluƧƵes em finanƧas, mas só 21% enxergam valor claro e mensurĆ”vel — e apenas 14% integraram agentes de AI totalmente na rotina do financeiro.

(Imagem: Deloitte)

Os principais obstƔculos?

  • Tecnologia legada: 41% das equipes em estĆ”gio inicial de AI citam sistemas legados como barreira (contra 31% dos lĆ­deres mais avanƧados).

  • ROI nebuloso: 30% dos que estĆ£o comeƧando tĆŖm dificuldade de justificar retorno — entre os mais avanƧados, 21%.

  • Privacidade de dados: aparece como ansiedade central entre os lĆ­deres mais maduros em AI, especialmente em setores altamente regulados.

A recomendação da Deloitte é olhar o ROI por uma lente mais ampla: não só financeiro, mas também velocidade, previsibilidade e qualidade de forecast.

Quando funciona, vira dinheiro real. A Algar Telecom colocou um agente de AI (ā€œBillyā€) para revisar primeiras faturas de novos clientes. Em nove meses, revisou 25% delas e gerou US$ 1,5 milhĆ£o adicionais de lucro.

NĆ£o Ć© sobre ā€œbrincar de AIā€, mas sobre usĆ”-la para achatar desvio, erro e ineficiĆŖncia em processos crĆ­ticos.

5. Seu time pode virar um squad hĆ­brido: contadores, cientistas de dados e gente curiosa šŸ‘©ā€šŸ’»šŸ“Š

A função financeira estĆ” passando por uma revolução silenciosa de talento: Mais da metade planeja trazer habilidades tĆ©cnicas — AI, automação, dados, integração de tecnologia — para a Ć”rea em 2026.

Como os CFOs estão reagindo?

  • Upskilling interno: 39% investem em treinamentos especializados na própria equipe, comeƧando muitas vezes comeƧando pelo bĆ”sico — usar AI para apresentaƧƵes, e-mails, anĆ”lises de contrato — e evoluindo para agentes dedicados.

  • ContrataƧƵes fora da bolha: 35% querem perfis de formaƧƵes nĆ£o tradicionais e 28% estĆ£o internalizando talentos de outros departamentos (dados, TI, produto).

  • Duplas improvĆ”veis: a Johnson & Johnson, por exemplo, estĆ” formando times que juntam ā€œos melhores contadoresā€ com cientistas de dados numa mesma equipe de relatórios e analytics dentro de finanƧas. Ɖ a convergĆŖncia entre contabilidade e engenharia para destravar problemas grandes de negócio.

E o que isso significa para quem estĆ” na trincheira hoje?

Se tivéssemos que condensar o CFO 2026 em três movimentos, seriam:

  1. De repórter para roteirista: nĆ£o Ć© só dizer ā€œo que aconteceuā€ com a margem, mas desenhar cenĆ”rios, propor trade-offs e chegar na reuniĆ£o jĆ” com opƧƵes de caminho.

  2. De dono da planilha para dono da arquitetura: cloud, dados, AI, governanƧa… tudo sai do ā€œjurĆ­dicoā€ da TI e passa a ser parte do escopo estratĆ©gico de finanƧas.

  3. De equipe tĆ©cnica para equipe hĆ­brida: nĆ£o Ć© só sobre achar ā€œo novo gĆŖnio de Excelā€, mas sobre misturar contabilidade, dados, tecnologia e soft skills como curiosidade e pensamento crĆ­tico.

Takeaways āœļø

Durante muito tempo, o mercado dizia que ā€œcash is kingā€. Em 2026, segundo a Deloitte, o rei mudou de lugar:

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Ɖ quem sabe o que fazer com o cash, com os dados e com a inteligĆŖncia artificial ao mesmo tempo.

O CFO de 2026 nĆ£o Ć© o ā€œcara do nĆ£oā€. Ɖ quem enxerga o tabuleiro inteiro, cria cenĆ”rios antes da crise, usa tecnologia e dados com disciplina e lidera um time curioso o suficiente para acompanhar a velocidade do mundo.

APRESENTADO POR CONTA SIMPLES

VocĆŖ deve estar vivendo isso e nĆ£o sabe šŸ‘‡

70% das empresas brasileiras estão exatamente nessa situação. Segundo uma pesquisa da Conta Simples com a Visa, elas só enxergam suas finanças uma vez por mês, geralmente no fechamento. Ou seja: não controlam durante, só descobrem depois.

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E um segundo dado explica o porquê: 100% das empresas não souberam definir gestão de despesas. Quando você não entende, você não pratica. A empresa até sabe quanto gastou, mas não sabe quem gastou, com o quê, por que e se podia.

E é aí que o dinheiro escapa silenciosamente, mês após mês.

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Foi exatamente o que acontecia com a NG Cash. O financeiro só entendia os gastos no fim. Depois de usar a Conta Simples, passou a enxergar antes: cartões por Ôrea, limites alinhados ao orçamento e visibilidade em tempo real.

Ver tudo só no fechamento nĆ£o Ć© controle. Ɖ surpresa. E vocĆŖ sabe que surpresa financeira quase nunca Ć© boa.

NĆ£o quer ser o próximo a descobrir tarde demais? EntĆ£o clique nesse botĆ£o aqui embaixo šŸ‘‡

TO LISTEN

(Imagem: SparkLive

Neste episódio, Alex Curran, CEO da Aptitude Software, fala sobre o que realmente muda quando o CFO assume o papel de líder da transformação financeira em um mundo guiado por dados.

O executivo traz insights sobre como alinhar CFO, CTO e CIO, usar AI e automação para tirar o financeiro do modo ā€œcontroleā€ e levar para o modo ā€œparceiro estratĆ©gicoā€, alĆ©m de mostrar por que equipes de alta performance comeƧam pequeno, provam valor rĆ”pido e só depois escalam as iniciativas. Escute aqui.

BYE BYE… ou atĆ© breve!

Se esse foi o último episódio da newsletter, talvez ele também seja um convite:

šŸ‘‰ Que tipo de CFO — ou futuro CFO — vocĆŖ quer ser daqui a dois anos?

O que vocĆŖ comeƧou a construir ao longo dessa sĆ©rie — e o que ainda falta destravar na sua arquitetura de dados, de tecnologia ou de gente?

Porque uma coisa ficou clara: em 2026, o mercado não vai premiar quem tiver mais planilhas, mas quem tiver mais clareza.

Ah, e mais uma coisa: embora o No Controle tenha acabado, a sua jornada com o nosso conteúdo não termina aqui. Ela segue no THE PAPER, nosso caderno focado em assuntos do mercado. Nos vemos lÔ!

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